sábado, 23 de agosto de 2008

estudo sobre os essenios....

Os Essênios


Abril de 1947, no vale de Khirbet Qumran, junto às encostas do Mar Morto, Juma Muhamed, pastor beduíno da região, recolhia seu rebanho quando ao seguir atrás de uma ovelha desgarrada percebeu que havia uma extensa fenda entre duas rochas.Curioso, atirou uma pedra e ouviu o ruído de um vaso se quebrando. No vaso, encontrou pergaminhos.
Este momento caracterizou-se como um marco para o mundo arqueológico: A Descoberta dos Manuscritos do Mar Morto.
Desde então, a tradução e divulgação do seu conteúdo têm atraído atenção mundial, e uma grande expectativa tem se instaurado quanto a possíveis segredos ainda não revelados.


Foram encontrados em 11 cavernas, nas ruínas de Qumran, centenas de pergaminhos que datam do terceiro século a.C até 68 d.C., segundo testes realizados com carbono 14. Os Manuscritos do Mar Morto foram escritos em três idiomas diferentes: Hebreu, Aramaico e Grego, totalizando quase mil obras.
Eles incluíam manuais de disciplinas, hinários, comentários bíblicos, escritos apocalípticos, cópias do livro de Isaías e quase todos os livros do Antigo Testamento.
De acordo com os estudiosos, os Manuscritos estão divididos em três grupos principais: Sectários, Apócrifos e Bíblicos. Os Bíblicos reúnem todos os livros da Bíblia, exceto Ester, no total 22 livros. Os Apócrifos são os livros sagrados excluídos da Bíblia, e, finalmente os Sectários que são pergaminhos relacionados com a seita, incluindo visões apocalípticas e trabalhos litúrgicos.
No livro "As doutrinas secretas de Jesus", o autor H. Spencer Lewis, F.R.C., Ph.D., cita na pág. 28 a referência (chave 15): "Essa sociedade secreta (sociedade secreta de Jesus) pode ou não ter sido afiliada aos essênios, outra sociedade secreta com que Jesus estava bem familiarizado" (*);.
A descoberta dos Pergaminhos do Mar Morto confirmou a referência feita pelo autor aos essênios e seus ensinamentos secretos, que precederam o cristianismo e que Jesus deve ter conhecido bem. Um relatório parcial sobre essa descoberta, do arqueólogo inglês G. Lankester Harding, Diretor do Departamento de Antiguidades da Jordânia, diz o seguinte:
"A mais espantosa revelação dos documentos essênios até agora publicada é a de que os essênios possuíam, muitos anos antes de Cristo, práticas e terminologias que sempre foram consideradas exclusivas dos cristãos. Os essênios tinham a prática do batismo, e compartilhavam um repasto litúrgico de pão e vinho presidido por um sacerdote. Acreditavam na redenção e na imortalidade da alma. Seu líder principal era uma figura misteriosa chamada o Instrutor da Retidão, um profeta-sacerdote messiânico abençoado com a revelação divina, perseguido e provavelmente martirizado."
"Muitas frases, símbolos e preceitos semelhantes aos da literatura essênia são usados no Novo Testamento, particularmente no Evangelho de João e nas Epístolas de Paulo. O uso do batismo por João Batista levou alguns eruditos a acreditar que ele era essênio ou fortemente influenciado por essa seita. Os Pergaminhos deram também novo ímpeto à teoria de que Jesus pode ter sido um estudante da filosofia essênia. É de se notar que o Novo Testamento nunca menciona os essênios, embora lance freqüentes calúnias sobre outras duas seitas importantes, os saduceus e os fariseus."
Todos esses documentos foram preservados por quase dois mil anos e são considerados o achado do século, principalmente porque a Bíblia, até então conhecida, data de uma tradução grega, feita pelo menos mil anos depois da de Qumran. Hoje, os Manuscritos do Mar Morto encontram-se no Museu do Livro em Jerusalém.
O nome Essênios deriva da palavra egípcia Kashai, que significa "secreto". Na língua grega, o termo utilizado é "therepeutes", originário da palavra Síria "asaya", que significa médico.
A organização nasceu no Egito nos anos que precedem o Faraó Akhenathon, o grande fundador da primeira religião monoteísta, sendo difundida em diferentes partes do mundo, inclusive em Qumran. Nos escritos dos Rosacruzes, os Essênios são considerados como uma ramificação da "Grande Fraternidade Branca".
Segundo estudiosos, foi nesse meio onde passou Jesus, no período que corresponde entre seus 13 e 30 anos. Alguns estudiosos também acreditam que a Igreja Católica procura manter silêncio acerca dos essênios, tentando ocultar que recebeu desta seita muitas influências.
Para medir o tempo, os Essênios utilizavam um calendário diferenciado, baseado no Sol. Ao contrário do utilizado na época, que consistia de 354 dias, seu calendário continha 364 dias que eram divididos em 52 semanas permitindo que cada estação do ano fosse dividida em 13 semanas e mais um dia, unindo cada uma delas.
Consideravam seu calendário sintonizado com a "Lei da Grande Luz do Céu". Seu ritmo contínuo significava ainda que o primeiro dia do ano e de cada estação sempre caía no mesmo dia da semana, quarta-feira, já que de acordo com o Gênesis foi no quarto dia que a Lua e o Sol foram criados.
Segundo os Manuais de Disciplina dos Essênios dos Manuscritos do Mar Morto, os essênios eram realmente originários do Egito, e durante a dominação do Império Selêucida, em 170 a.C., formaram um pequeno grupo de judeus, que abandonou as cidades e rumou para o deserto, passando a viver às margens do Mar Morto, e cujas colônias estendiam-se até o vale do Nilo.
No meio da corrupção que imperava, os essênios conservavam a tradição dos profetas e o segredo da Pura Doutrina. De costumes irrepreensíveis, moralidade exemplar, pacíficos e de boa fé, dedicavam-se ao estudo espiritualista, à contemplação e à caridade, longe do materialismo avassalador. Os essênios suportavam com admirável estoicismo os maiores sacrifícios para não violar o menor preceito religioso.
Procuravam servir a Deus, auxiliando o próximo, sem imolações no altar e sem cultuar imagens. Eram livres, trabalhavam em comunidade, vivendo do que produziam.
Os Essênios não tinham criados, pois acreditavam que todo homem e mulher era um ser livre. Tornaram-se famosos pelo conhecimento e uso das ervas, entregando-se abertamente ao exercício da medicina ocultista.
Em seus ensinos, seguindo o método das Escolas Iniciáticas, submetiam os discípulos a rituais de Iniciação, conforme adquiriam conhecimentos e passavam para graus mais avançados. Mostravam então, tanto na teoria quanto na prática, as Leis Superiores do Universo e da Vida, tristemente esquecidas na ocasião. Alguns dizem que eles preparavam a vinda do Messias.
Era uma seita aberta aos necessitados e desamparados, mantendo inúmeras atividades onde a acolhida, o tratamento de doentes e a instrução dos jovens eram a face externa de seus objetivos. Não há nenhum documento que comprove a estada essênia de Jesus, no entanto seus atos são típicos de quem foi iniciado nesta seita. A missão dos seguidores do Mestre Verdadeiro foi a de difundir a vinda de um Messias e nisto contribuíram para a chegada de Jesus.
Na verdade, os essênios não aguardavam um só Messias, e sim, dois. Um originário da Casa de Davi, viria para legislar e devolver aos judeus a pátria e estabelecer a justiça. Esse Messias-Rei restituiria ao povo de Israel a sua soberania e dignidade, instaurando um novo período de paz social e prosperidade. Jesus foi recebido por muitos como a encarnação deste Messias de sangue real. No alto da cruz onde padeceu, lia-se a inscrição: Jesus Nazareno Rei dos Judeus.
O outro Messias esperado nasceria de um descendente da Casa de Levi. Este Salvador seguiria a tradição da linhagem sacerdotal dos grandes mártires. Sua morte representaria a redenção do povo e todo o sofrimento e humilhação por que teria que passar em vida seria previamente traçado por Deus.
O Messias-Sacerdote se mostraria resignado com seu destino, dando a vida em sacrifício. Faria purgar os pecados de todos e a conduta de seus atos seria o exemplo da fé que leva os homens à Deus. Para muitos, a figura do pregador João Batista se encaixa no perfil do segundo Messias.
Até os nossos dias, uma seita do sul do Irã, os mandeanos, sustenta ser João Batista o verdadeiro Messias. Vivendo em comunidades distantes, os essênios sempre procuravam encontrar na solidão do deserto o lugar ideal para desenvolverem a espiritualidade e estabelecer a vida comunitária, onde a partilha dos bens era a regra.
Rompendo com o conceito da propriedade individual, acreditavam ser possível implantar no reino da Terra a verdadeira igualdade e fraternidade entre os homens. Consideravam a escravidão um ultraje à missão do homem dada por Deus. Todos os membros da seita trabalhavam para si e nas tarefas comuns, sempre desempenhando atividades profissionais que não envolvessem a destruição ou violência.
Não era possível encontrar entre eles açougueiros ou fabricantes de armas, mas sim grande quantidade de mestres, escribas, instrutores, que através do ensino passavam de forma sutil os pensamentos da seita aos leigos.
O silêncio era prezado por eles. Sabiam guardá-lo, evitando discussões em público e assuntos sobre religião. A voz, para um essênio, possuía grande poder e não devia ser desperdiçada. Através dela, com diferentes entonações, eram capazes de curar um doente. Cultivavam hábitos saudáveis, zelando pela alimentação, físico e higiene pessoal. A capacidade de predizer o futuro e a leitura do destino através da linguagem dos astros tornou os essênios figuras magnéticas, conhecidas por suas vestes brancas.
Eram excelentes médicos também. Em cada parte do mundo onde se estabeleceram, eles receberam nomes diferentes, às vezes por necessidades de se proteger contra as perseguições ou para manter afastados os difamadores. Mestres em saber adaptar seus pensamentos às religiões dos países onde se situavam, agiram misturando muitos aspectos de sua doutrina a outras crenças. O saber mais profundo dos essênios era velado à maioria das pessoas.
É sabido também que liam textos e estudavam outras doutrinas. Para ser um essênio, o pretendente era preparado desde a infância na vida comunitária de suas aldeias isoladas. Já adulto, o adepto, após cumprir várias etapas de aprendizado, recebia uma missão definida que ele deveria cumprir até o fim da vida. Vestidos com roupas brancas, ficaram conhecidos em sua época como aqueles que "são do caminho".
Foram fundadores dos abrigos denominados "beth-saida", que tinham como tarefa cuidar de doentes e desabrigados em épocas de epidemia e fome. Os beth-saida anteciparam em séculos os hospitais, instituição que tem seu nome derivado de hospitaleiros, denominação de um ramo essênio voltado para a prestação de socorro às pessoas doentes.
Fizeram obras maravilhosas, que refletem até os nossos dias. A notícia que se tem é de que a seita se perdeu, no tempo e memória das pessoas. Não sabemos da existência de essênios nos dias de hoje (não que seja impossível), é no mínimo, pelo lado social, uma pena termos perdido tanto dos seus preceitos mais importantes. Se o que nos restou já significa tanto, imaginem o que mais poderíamos vir a ter aprendido. Como sempre, é o máximo que podemos dizer: "uma pena". Estudos recentes comprovam que Sodoma e Gomorra está onde hoje é o Mar morto...

Evangelho de Tomé
O Evangelho de Tomé, preservado em versão completa num manuscrito copta em Nag Hammadi, é uma lista de 114 ditos atribuídos a Jesus. Alguns são semelhantes aos dos evangelhos canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João, mas outros eram desconhecidos até a descoberta desse manuscrito em 1945. Tomé não explora, como os demais, a forma narrativa, apenas cita - de forma não estruturada - as frases, os ditos ou diálogos breves de Jesus a seus discípulos, contados a Tomé o Gêmeo, sem incluí-los em qualquer narrativa, nem apresentá-los em contexto filosófico ou retórico. Duas características marcantes do Evangelho de Tomé, que o diferenciam dos canônicos, são a recomendação de Jesus para que ninguém faça aquilo que não deseja ou não gosta e a ênfase não na fé, mas a descoberta de si mesmo.
Uma boa discussão, em língua portuguesa, sobre esse evangelho encontra-se no livro "Além de Toda Crença: O Evangelho Desconhecido de Tomé", da historiadora Elaine Pagels, que defende a tese de que o Evangelho de João teria sido escrito para refutar o de Tomé. Obtém-se nesse livro proveitosa aula sobre o início do Cristianismo e entende-se melhor a escolha dos evangelhos canônicos e a posterior rejeição aos demais, tratados como "heréticos".
O escritor brasileiro Isaque de Borba Corrêa (isaqueborba) defende uma interessante tese baseada em antigas cartas de jesuítas, nas quais se relata a presença desse apóstolo na América. Segundo o catarinense Corrêa, mais de vinte jesuítas peregrinaram pelas Américas em busca das informações que o santo teria legado a seus sucessores. Isaque advoga a tese de que São Tomé teria não apenas viajado até a Índia, como teria estendido seu périplo às "Índias Ocidentais", atual América.
Segundo a tradição, São Tomé teria partido para as Índias acompanhado de João Crisóstomo. O escritor Panteno, segundo Eusébio, também esteve na Índia e conversou com Crisóstomo, mas não comentou sobre Tomé. O Padre Simón, na Colômbia, foi conduzido por um índio até uma gravura em pedra, na qual estavam gravadas as imagens de três homens, cada um contendo uma inscrição que Simón não teria conseguido traduzir. O ingênuo nativo traduziu-as para o jesuíta, explicando que as inscrições eram os nomes de cada um deles: João Crisóstomo, Tomé e Engélico. Eram figuras humanas que usavam barba, batina e sandálias. A figura central, Tomé, trazia na mão algo parecido com um livro. Isaque afirma que as pesquisas acerca da estada desse santo na América não prosperaram em virtude de um decreto emitido pelo Papa Urbano VIII, que considerou tal propósito uma heresia. Temendo um processo inquisicional por parte do Tribunal do Santo Ofício, os jesuítas recuaram em seu propósito e abandonaram as pesquisas. fonte: Wiki

"Abaixa a espada, porque aquele que fere com a espada, morre pela espada".

ENTREVISTA
Fonte: PAULO DANIEL FARAH da Folha de S.Paulo

"Manuscritos permitem entender Jesus", diz curador
Em 1947, o beduíno Muhammad achou em jarros de argila os primeiros pergaminhos dos Manuscritos do Mar Morto, uns dos mais importantes relatos que remetem à era bíblica. De 1947 até 1956, cerca de 850 pergaminhos, que trazem descrições da vida religiosa da época, foram encontrados nas cavernas de Qumran.
"Os manuscritos não provam nem negam a fé em Cristo. Permitem entender Jesus em seu meio natural. Permitem que os cristãos se aproximem de Jesus, do Jesus da história", disse à Folha Adolfo Roitman, curador dos Manuscritos do Mar Morto do Museu de Israel em Jerusalém. Ele veio a São Paulo para fazer palestras sobre os documentos, com apoio do Instituto Plural. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Folha - Todos os manuscritos já foram traduzidos e publicados?Adolfo Roitman - Entre 90% e 95%. A série de Oxford é a publicação oficial dos manuscritos.
Folha - Especialistas não chegam a um acordo sobre questões básicas como quem redigiu os manuscritos -em hebraico, aramaico e grego- ou exatamente quando eles foram escritos, além da discussão em torno do significado... Qual a versão do museu?Roitman - Há aproximadamente 30 mil volumes, livros e artigos, sobre o tema. O museu pretende refletir o consenso dos pesquisadores. A teoria de consenso opina que estamos diante de um grupo dos essênios, não todos, mas uma comunidade pequena, com no máximo 150 pessoas. Provavelmente eram essênios, um dos grupos do mundo judaico antigo. Os documentos vão do século 2º a.C. até o século 1º d.C. Eu menciono em minhas conferências que há outras idéias e recomendo que sejam lidas.
Folha - O que o sr. acha da teoria de Michael O. Wise e Israel Knohl, segundo a qual parte dos manuscritos foi escrita por um messias que teria vivido antes de Cristo?Roitman - Israel Knohl afirma que houve um messias antes de Jesus, em Qumran, identificado por ele com o nome de Menache. Aparecem alguns ecos dessa figura na literatura rabínica, e ele propõe certas reconstruções de um texto chamado Odayot. Em um dos fragmentos, havia um Hino de Autoglorificação. A discussão é: quem se autoglorifica? Um anjo? Um personagem messiânico? Um ser humano? Knohl vê que certos elementos desse texto recordam elementos da cristologia de Jesus. Cria, em meu modesto entender, um novo mito. Ele propõe que esse messias morreu durante o levante que ocorreu após a morte de Herodes, em 4 a.C. Ele argumenta que aí estão os mesmos elementos que temos na teologia de Cristo: um messias que morre, um ser humano que se autoglorifica, que assume os pecados e se auto-humilha.
Folha - Ainda é uma teoria em discussão, não foi refutada? Houve exames de datação com carbono 14 que teriam contrariado a teoria...Roitman - A discussão ainda não acabou. Os historiadores já mostraram suas reservas. Parece-me bastante sugestivo muito do que ele disse, mas creio que, do ponto de vista histórico, da mitologia histórica, seus argumentos não são convincentes. Ele provavelmente vai escrever um novo livro para contestar as reservas.
Folha - Há revelações que mudaram fundamentalmente o que se conhecia antes da descoberta dos manuscritos?Roitman - Sim, hoje sabemos muito mais. Sabemos, por exemplo, quão complexa era a sociedade judaica 2.000 anos atrás. Podemos entender que certas maneiras de ver o judaísmo são muito diferentes de como acreditávamos que fosse o judaísmo. Antes de Qumran, a maneira de ver o mundo tinha duas fontes básicas: uma judia e outra cristã. Em ambos os casos, as fontes estavam em função do judaísmo normativo e do cristianismo normativo. Não tínhamos fontes originais. Qumran nos permite conhecer a idéia de um grupo e através dele conhecer a idéia de outros. Coisas que parecem estranhas no Novo Testamento não eram tão estranhas, como por exemplo, os exorcismos, ocupar-se do demônio. Era uma problemática da época.
Folha - O Vaticano deveria realizar uma releitura dos Evangelhos à luz das descobertas?Roitman - Os pesquisadores, incluindo grandes professores católicos, como Joseph Fitzmeyer, um jesuíta, não deixaram de ser cristãos. Os cristãos não crêem no mito de Jesus, mas no Jesus que existiu, nasceu, viveu, morreu e ressuscitou, segundo sua fé. Os manuscritos não provam nem negam a fé em Cristo. Permitem entender Jesus em seu meio natural. Permitem que os cristãos se aproximem de Jesus, do Jesus da história. É algo transcendental para o cristianismo e, claro, para o Vaticano. Por isso o Vaticano pediu a exibição dos manuscritos.
Folha - Há algum tipo de temor por parte do Vaticano em ver menos convergências e mais divergências entre os Evangelhos?Roitman - Muitos dos pesquisadores são sacerdotes. Alguns anos atrás, o professor James Charlesworth, que dirige um centro teológico nos EUA, organizou um seminário que questionava exatamente isso. A idéia era pôr fim a esses medos e mostrar ao homem de fé que os manuscritos não são perigosos, permitem entender em toda sua historicidade as coisas. Os manuscritos não provam a verdade de Cristo, provam que havia crenças sobre o messias, mas a originalidade dos cristãos é que ele tinha nome e personalidade: Jesus. Os manuscritos não negam isso. Fazem entender por que Jesus foi entendido de certa maneira pelos cristãos.
Folha - Como a Intifada (levante palestino) afetou o museu?Roitman - Houve uma queda enorme nas visitas ao museu, de pelo menos 50%.




A destruição de Sodoma e Gomorra
Disse, pois, o Senhor: O clamor de Sodoma e Gomorra aumentou, e o seu pecado agravou-se extraordinariamente. Fez, pois, o Senhor da parte do Senhor chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo do céu; e destruiu essas cidades, e todo o país em roda, todos os habitantes da cidade, e toda a verdura da terra. E a mulher de Ló, tendo olhado para trás, ficou convertida numa estátua de sal. E viu que se elevavam da terra cinzas inflamadas, como o fumo de uma fornalha (Gn 18.20; 19.24, 26, 28).
A sinistra força dessa narrativa bíblica tem impressionado profundamente os ânimos dos homens em todos os tempos. Sodoma e Gomorra tornaram-se símbolos de vício e iniqüidade e sinônimos de aniquilação completa. Incessantemente, o terrível e inexplicável acontecimento deve ter inflamado a fantasia dos homens, como o demonstram numerosos relatos dos tempos passados. Devem ter ocorrido coisas estranhas e absolutamente inacreditáveis no mar Morto, o mar salgado, onde, de acordo com a Bíblia, ocorreu a catástrofe.
Segundo uma tradição, durante o cerco de Jerusalém, no ano 70 da nossa era, um general romano, Tito, condenou alguns escravos a morte.
Submeteu-os a um breve julgamento e mandou encadeá-los todos juntos e jogá-los no mar, próximo ao monte de Moab. Os condenados, porém, não se afogaram. Repetidamente foram jogados ao mar e todas às vezes, como cortiças, vinham dar em terra. O inexplicável fenômeno impressionou Tito de tal modo que ele acabou por perdoar os pobres criminosos.
Flavius Josephus, historiador judeu que viveu os últimos anos da sua vida em Roma, cita repetidamente um "lago de asfalto". Os gregos falavam com insistência em gases venenosos que se desprenderiam por toda parte nesse mar, e os árabes diziam que havia muito nenhuma ave conseguia voar até a outra margem. Segundo eles, ao sobrevoá-lo, as aves se precipitavam subitamente na água, mortas.
Exploração do Mar Morto
Essas e outras histórias tradicionais similares eram bem conhecidas, mas até uns cem anos atrás faltava todo e qualquer conhecimento preciso sobre o estranho e misterioso mar da Palestina. Nenhum cientista o tinha visto e explorado ainda. Foram os Estados Unidos que, no ano de 1848, tomaram a iniciativa, equipando uma expedição para estudar o enigmático mar Morto. Num dia de outono desse ano, a praia em frente a cidadezinha de Akka, quinze quilômetros ao norte de Haifa, ficou negra de homens ativamente ocupados numa estranha manobra.
De um navio ancorado ao largo, W. F. Lynch geólogo e chefe da expedição, havia mandado desembarcar dois barcos metálicos, que nesse momento estavam sendo cuidadosamente amarrados em carros de altas rodas. Puxados por uma longa fileira de cavalos, puseram-se a caminho. Ao fim de três semanas e após dificuldades incríveis, foi terminado o transporte através das terras do sul da Galiléia.
Os barcos foram lançados à água no lago Tiberíades. As medidas de altura tomadas por Lynch no lago de Genesaré produziram a primeira grande surpresa dessa viagem. A princípio, ele pensou tratar-se de um erro, mas a verificação confirmou o resultado. A superfície do lago de Genesaré, mundialmente conhecido pela história de Jesus, ficava duzentos e oito metros abaixo da superfície do Mediterrâneo! A que altura nasceria o Jordão, que atravessa esse lago?
Dias depois, W. F. Lynch encontrava-se numa alta encosta do nevado Hermon. E entre os restos de colunas e portais desmantelados surgiu a pequena aldeia de Banias. Árabes conhecedores do terreno conduziram-no através de um espesso bosque de espirradeiras até uma cova meio encoberta por calhaus na íngreme encosta calcária do Hermon. Da escuridão dessa cova brotava com força, gorgolejando, um jorro de água límpida. Era uma das três nascentes do Jordão.
Os árabes chamam ao Jordão Cheri ’at el Kebire, "Grande Rio". Ali estivera o antigo Paníon, ali Herodes construíra um templo de Pã em honra de Augusto. Junto à gruta do Jordão, havia uns nichos em forma de concha. Ainda se pode ler ali claramente a inscrição grega: "Sacerdote de Pã". No tempo de Jesus Cristo, o deus grego dos pastores era venerado junto às fontes do Jordão.
O Deus com pés de cabra levava aos lábios a flauta, como se quisesse modular uma canção para acompanhar o Jordão em sua longa viagem. A cinco quilômetros daquela fonte, para os lados do oeste, ficava a bíblica Dan, o sítio mais setentrional do país, repetidamente citada na Bíblia. Também ali, na encosta sul do Hermon, brotava uma nascente de águas claras. Uma terceira fonte desce de um vale situado mais acima. O fundo do vale fica pouco acima de Dan, quinhentos metros acima do nível do mar.
Onde o Jordão atinge o pequeno lago Huleh, vinte quilômetros ao sul, o leito já baixou até dois metros acima do nível do mar. Depois o rio se precipita abruptamente por um espaço de pouco mais de dez quilômetros até o lago de Genesaré. Em seu curso, das vertentes do Hermon até esse local, num trecho de quarenta quilômetros apenas, desceu setecentos metros.
Do lago Tiberíades, os membros da expedição americana desceram o Jordão em dois barcos de metal, percorrendo seus intermináveis meandros.
Gradualmente a vegetação ia-se tornando mais esparsa. Só nas margens do rio ainda havia moitas espessas. Sob o sol tropical, surgiu à direita um oásis - Jericó. Pouco depois chegaram ao seu destino. Entre penhascos talhados quase a prumo, estendia-se a sua frente a vasta superfície do mar Morto.
A primeira coisa que fizeram foi tomar um banho. Os homens que saltaram na água tiveram a impressão de que vestiam salva-vidas, tal a maneira como foram impelidos para cima. As antigas narrativas não haviam, pois, mentido. Naquele mar, ninguém podia se afogar. O sol escaldante secou a pele dos homens quase instantaneamente. A fina camada de sal que a água deixara em seus corpos fazia-os parecerem completamente brancos. Ali não havia moluscos, peixes, algas, corais... naquele mar jamais vagara um barco de pesca.
Não havia frutos do mar nem frutos da terra. Suas margens eram desoladas e nuas. As costas do mar e as faces dos rochedos lá no alto, cobertas de enormes camadas de sal endurecido, brilhavam ao sol como diamantes. A atmosfera estava saturada de cheiros acres e penetrantes. Cheirava a petróleo e enxofre. Sobre as ondas flutuavam manchas oleosas de asfalto - a que a Bíblia chama betume (Gn 14.10). Nem mesmo o azul brilhante do céu ou o sol forte conseguia dar vida a paisagem hostil.
Os barcos americanos cruzaram o mar Morto durante vinte e dois dias. Tomavam amostras de água, analisavam-nas, e a sonda era lançada ao fundo continuamente. Verificaram que a foz do Jordão, no Mar Morto, ficava trezentos e noventa e três metros abaixo do nível do mar! Se houvesse uma comunicação com o Mediterrâneo, o Jordão e o lago de Genesaré, distante cento e cinco quilômetros, desapareceriam. Um imenso mar interior se estenderia até as margens do lago Huleh!
"Quando uma tempestade irrompe naquela bacia de penhascos", observa Lynch; "as ondas golpeiam os costados do barco como marteladas, mas o próprio peso da água faz com que em pouco tempo se aplaquem, depois que o vento cessa."
Através do relatório da expedição, o mundo ficou sabendo pela primeira vez de dois fatos espantosos. O Mar Morto atinge quatrocentos metros de profundidade; o fundo do mar fica, portanto, cerca de oitocentos metros abaixo da superfície do Mediterrâneo.
A água do mar Morto contém cerca de trinta por cento de elementos componentes sólidos, a maior parte constituída por cloreto de sódio, isto é, de sal de cozinha. Os oceanos contém apenas de quatro a seis por cento de sal. Nessa bacia de setenta e seis quilômetros de comprimento por dezessete de largura desembocam o Jordão e muitos rios menores. Sob o sol escaldante, evaporam-se, dia após dia, oito milhões de metros cúbicos de água de sua superfície. As matérias químicas que esses rios conduzem permanecem nessa bacia de mil duzentos e noventa e dois quilômetros quadrados de superfície.
A Procura de Sodoma e Gomorra
Só no começo deste século, com as escavações realizadas no resto da Palestina, foi despertado também o interesse por Sodoma e Gomorra. Os exploradores dedicaram-se a procura das cidades desaparecidas que nos tempos bíblicos estariam situados no vale de Sidim







Escândalo Acadêmico
A doutrina que João pregou no deserto já era conhecida dois séculos antes. Alguns judeus particularmente piedosos (os Hassidim) admitiam estar próximo o fim do mundo, por acreditarem no que dizia o livro dos Macabeus (I. Mac. 1,2). Os judeus tiveram sempre pouca sorte com os estrangeiros. Depois do exílio da Babilônia vieram os Persas.
Alexandre venceu-os em 333 a. C. e repartiu o Império. Duzentos anos antes da era cristã os Sírios conquistaram o poder na Judéia. Os Hassidim protestaram contra a impiedade do seu tempo. Perseguidos, abandonaram as aldeias e refugiaram-se no deserto, entre Jerusalém e o Mar Morto, num local chamado Qumram. São os antepassados dos Essênios. Alguns desses Essênios separaram-se do movimento, cheios de cepticismo. Deram origem à seita dos Fariseus.
O estudo comparado dos manuscritos do Mar Morto, como ficaram conhecidas as produções literárias dos Essênios, e do Novo Testamento, estabelece a existência, não de simples coincidência, mas de uma evidente dependência direta deste, no que toca às palavras, às idéias e às próprias doutrinas.
Estes manuscritos, descobertos entre 1947 e 1956 foram, na sua maioria, escritos antes da era cristã e guardados em rolos, dentro de vasos de barro. Só alguns foram redigidos depois da morte de Jesus.
É a relíquia religiosa mais importante depois de se ter provado que o “Santo Sudário”, supostamente a mortalha do corpo de Jesus, tinha sido tecido 1300 anos depois da sua morte.
A maior parte dos manuscritos do Mar Morto foram escritos com tinta sobre pele de carneiro. Geza Vermes, um estudioso bíblico da Universidade inglesa de Oxford, considera ser “Um escândalo acadêmico" que aproximadamente 300 rolos, dos cerca de 1000 que foram descobertos, ainda não tenham sido revelados”.
Muitos destes manuscritos estão guardados em diversas universidades, em Israel, Estados Unidos, França e Inglaterra.

A língua usada nos manuscritos é o aramaico, uma língua morta. No trabalho de tradução recorre-se ao computador, que dispensa o manuseio (e a conseqüente deterioração) das peças originais. As dificuldades são muitas.
Para se formar um rolo é preciso juntar-se grande número de fragmentos, porque as “folhas” originais estão ressequidas e partidas.
A crescente ansiedade dos estudiosos bíblicos relaciona-se com a desejada prova da ligação de Jesus à Ordem dos Essênios, particularmente depois dos 13 anos, a identificação histórica de Jesus e a confirmação da dependência do Novo Testamento desses manuscritos.
A sua divulgação tem sido dificultada por razões não exclusivamente técnicas. O ano originalmente combinado para a divulgação do conteúdo dos manuscritos era 1970. Depois, os israelitas prometeram a sua publicação para 1997.
As justificativas para esta demora são:
Conteúdo espetacular para a fé judaico-cristã, abalando eventualmente as estruturas hierárquicas religiosas. O escritor americano Edmund Wilson fundamentava esta hipótese referindo a conhecida tentativa de minimizar a importância dos manuscritos.
Interesse das várias universidades (israelitas, francesas, americanas e inglesas) em monopolizar o estudo destes documentos.

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