domingo, 9 de maio de 2010

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

oque é energia?




passsei a pensar na economia das energias,,,mais antes disso, sai pedalando com uns amigos !
depois de alguns milhares de kilometros, me veio em mente a economia de todas as energias ...e pedalando tudo veio a tona ...descobri a bicicleta como uma ferramenta que economisa 90 % da energia enpregada pra seu deslocamento ...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

sábado, 23 de agosto de 2008

estudos sobre '''Biogênese'''

BIOGÊNESEA Origem da Vida
Finalmente venho abordar uma questão insistente na temática deste site, ainda que sempre repetindo que não se deve confundir Biogênese com Evolução Biológica, afirmação esta que será o PRIMEIRO tópico a ser abordado. Em SEGUNDO lugar, pretendo fazer uma brevíssima recapitulação das propostas biogênicas, sua viabilidade, plausibilidade e dificuldades. Por FIM, uma abordagem naquele que é o mais usado argumento contra o surgimento espontâneo da Vida, a Improbabilidade.
Mas antes de tudo isso, vamos examinar o termo em si. É muito comum vermos a expressão ABIOGÊNESE, sugerindo, com o "A" anteposto, a negação da vida, e sua geração da Não-Vida. Pessoalmente esse termo não me parece fazer muito sentido, pois não explicita que se está falando da Gênese da Vida, mas somente de uma Gênese da Não-Vida. Ora, pode-se dizer que a matéria vem da Não-Vida, e portanto é Abiogênica. A palavra BIOGÊNESE, simplesmente, me parece muito mais adequada, pois que BIO=Vida e GÊNESE=Surgimento/Origem.
A palavra Gênese me parece dispensar esclarecimentos, sendo aparentada de termos como "Gerar", "Gestar", "Genia" e etc, todos relacionados a idéia de "Surgimento", "Nascimento" e similares. O oposto porém se dá com a palavra VIDA.
O QUE É VIDA?
É realmente muito curioso que em séculos de Biologia e milênios de Filosofia e Teologias da Natureza, jamais tenha surgido uma definição realmente precisa de Vida. De fato, é uma idéia muito difícil de ser resumida em uma só palavra, ou pior, talvez seja uma idéia, por si só, de dificílima compreensão.
Na antiguidade, especialmente por meio de Aristóteles, era comum definir como Vivo qualquer Ser capaz de MOVIMENTO próprio, incluindo os vegetais, que também se movem ainda que muito lentamente, principalmente devido ao crescimento, além do que apresentam constantes variações, com trocas de folhas, produção de frutos e etc. Dessa forma, movimento era entendido como qualquer tipo de ação independente promovida pelo organismo.
Vale lembrar que o termo ANIMAL, que se relaciona à expressão ANIMA, está impregnado não só de uma idéia de movimento, mas sim de um tipo de movimento mais amplo. A Anima era uma espécie de "essência" que permitia ao Animal ações mais livres e independentes. Enquanto os vegetais possuíam apenas um "Princípio Vegetativo", uma essência vital, os animais possuíam além disso um "Princípio Animado", enquanto só o Ser Humano gozava de um "Princípio Racional".
Pode-se considerar também que um Ser Vivo seria qualquer entidade capaz de se Auto-Gerenciar com certo grau de independência. Enquanto os objetos não-vivos são totalmente passivos, os seres vivos apresentam um movimento ordenado, com propósito à manutenção de sua existência.
Já na antiguidade essa definição tinha alguns problemas. Um deles era que sugeria a idéia de que o Astros e seus movimentos celestes fossem seres vivos, bem como outras coisas que apresentassem algum tipo de ação pouco comum, como os Magnetos, ou o próprio Fogo, compartilhassem de características dos seres vivos.
Mas na atualidade sustentar tal definição é muitíssimo mais problemático, pois somos capazes de produzir uma série de objetos que apresentam movimentos próprios e relativamente independentes, capazes mesmo de se auto gestar. Falo, é claro, das máquinas, dispositivos automáticos e robôs. Se ainda considerássemos tal definição, teríamos que considerar muitos dos engenhos que fazemos como vivos, o que traria uma série de problemas éticos e conceituais.
Poderíamos no entanto considerar como vivos apenas os seres auto gerenciáveis que encontramos na natureza, e não os que nos mesmos produzimos, mas além de termos os mesmos problemas da antiguidade, teríamos um dilema toda vez que produzíssemos formas de vida "artificiais", como espécies transgênicas, além do que eliminaríamos por definição qualquer possibilidade de um dia produzir Vida em laboratórios.
A solução poderia ser que só considerássemos como vivos, além dos seres naturais, aqueles que produzimos baseados em princípios "biológicos". Ou seja, um robô não seria vivo por possuir estrutura de materiais inorgânicos, mas os seres transgênicos, ou espécies produzidas por uma futura engenharia genética, seriam sim vivas.
O problema com essa solução, apesar de apresentar um bom potencial, é que ela é um tanto circular. Consideraremos Vivo tudo aquilo que for naturalmente Vivo ou produzido a partir de estruturas Vivas. Mas afinal o que é VIDA?!
Além disso, ainda temos o problema de que certos engenhos que empregam partes de fato vivas, poderiam ser considerados vivos. Cyborgues por exemplo, ou Bio Robôs, que já em breve serão, se já não são, uma realidade. Temos também a possibilidade de criar toda uma série de dispositivos que empregam estruturas vivas. E nem sequer foi preciso tocar na idéia dos misteriosos Vírus e Príons.
É claro que isso não impede que tenhamos um noção bastante clara do que é vida, que podemos utilizar, e temos utilizado, satisfatoriamente. Uma delas é que podemos com segurança admitir que todos os seres vivos possuem uma estrutura molecular fundamental vulgarmente conhecida por DNA. Mas essa noção tende a falhar quando nos deparamos com os limiares da Investigação. É perfeitamente plausível que existam formas de vida que se baseiem em outras estruturas que não o DNA que conhecemos. É possível que existam seres que sequer se baseiem em Carbono. Sendo assim, é evidente que a idéia de vida tem que ser mais elástica do que isso.
Outrora foi muito comum consideramos que havia uma FORÇA VITAL, que estaria presente em todos os seres vivos, de tal forma que o caracterizaria a vida seria a presença dessa essência, ou "Elán". Mas essa idéia falhou a todas as tentativas de verificação, e hoje em dia consideramos que um Ser Vivo é diferenciado de um Não Vivo pelo seu nível de complexidade orgânica intrínseca, o que nos leva a uma série de outras questões sobre o limiar que separaria um nível de complexidade de outro.
Por fim, costumamos usar um conceito bastante consensual, que é a capacidade de Auto-Reprodução da Vida. Todos os seres vivos são, normalmente, capazes de se reproduzir. Mas apenas enquanto espécies, o que é um conceito que também tem uma série de problemas. Há muitos indivíduos estéreis, e não negamos a estes a característica de Ser Vivo. É verdade porém que mesmo esses apresentam reprodução celular, ou seja, um tipo de "movimento" intrínseco, mas isso nos leva de volta ao velho problema da questão de definir como vivo qualquer objeto auto-gerenciável. Sem falar nos vírus digitais, e que é bem provável que em breve sejamos capazes de produzir robôs que possam produzir cópias de si mesmos.
Além disso, não podemos negar a possibilidade de existir um Ser sem qualquer capacidade de reprodução, mas com diversas características dos seres vivos. Poderíamos criar um autômato super avançado capaz até mesmo de chegar ao limiar da Auto-Consciência, ou mesmo ultrapassá-la, plenamente capaz de se auto gerir. Isto poderia ser considerado vida?
E somente para trazer a tona uma questão teológica: Se houver Deus, ou Anjos, ou Deuses. Eles seriam seres vivos?
BIOGÊNESE X EVOLUÇÃO
Apesar disso, podemos nos restringir ao conceito de vida mais usual, que é quase intuitivo, mas que pode ser entendido como qualquer classe de seres capazes de auto reprodução e que apresentam alta complexidade orgânica, incluindo um subestrutura molecular conhecida como DNA.
Passemos então a um autêntico pomo da discórdia entre Criacionistas e Evolucionistas. Biogênese é ou não parte da Evolução? Os Criacionistas estão sempre relacionando uma coisa com a outra, alegando principalmente que a impossibilidade de Biogênese espontânea seria um argumento contra a evolução.
É mister agora explicar o porque os evolucionistas insistem tanto em separar esses dois conceitos, por mais que eles tenham alguma relação. Para explicar isso, primeiro devemos insistir que independente da forma como se tenha dado a Biogênese, a evolução não é seriamente afetada.
Quer a vida tenha surgido por processos aleatórios e espontâneos, por intervenção divina ou inteligências ancestrais, o fato é que ela existe, e uma vez que existe, ela Evolui! Se fosse possível provar uma origem "Sobrenatural" da vida, por mais problemático que isso seja, em nada afetaria o fato de que a Evolução simplesmente ocorre! Ao menos num certo grau.
É por isso que o fato de não sabermos como a vida surgiu não nos impede de estudar como surgem novas espécies, e como elas se modificam com o tempo. Da mesma forma que o fato de não sabermos como "começou" a história, quais foram as primeiras tribos organizadas, qual foi o primeiro humano a usar a linguagem ou a escrita, não impede que estudemos a História e a evolução da humanidade através do tempo.
Até do ponto de vista teológico isto pode ser invocado. O fato dos teólogos não saberem exatamente como Deus criou o mundo, ou exatamente quando, ou quaisquer outra série de detalhes da Gênese, não impede o fiel de estudar a escritura em sua dimensão histórica.
É claro que as Ciências Naturais são um campo muito vasto e complexo, com miríades de ramificações mas com uma continuidade causal entre elas. No entanto, até por uma questão metodológica, não é possível progredir sem alguma compartimentalização do conhecimento, e a Evolução Biológica está numa especialidade de pesquisa distinta da Biogênese. Ninguém pode estudar muitas coisas ao mesmo tempo.
Por tudo isso, não é atacando a Biogênese que se conseguirá, por tabela, afetar a Evolução. Se não sabemos como a vida surgiu, é fato que ela existe! E podemos estudar sua Evolução e a origem de novas espécies. E apenas para ressaltar o quanto tais conceitos são independentes, é possível desconsiderar a Evolução, como no pensamento biológico Fixista, sem ter que com isso implicar em criação intencional, uma vez que podemos considerar os seres vivos como perpétuos, tendo sempre existido, ou mesmo tendo surgido mediante alguma aleatoriedade, que era a proposta de alguns atomistas da Grécia antiga.
Biogênese e Evolução portanto permitem qualquer combinação. A Biogênese poderia nunca ter ocorrido, sendo os seres vivos perpétuos, mas a Evolução ocorrer. Bem como a vida pode ter origem fora da Terra, ou por intervenção divina, sem negar a evolução. Também podemos crer que a vida surgiu por acaso e há evolução. Ou podemos ainda supor qualquer uma dessas possibilidades biogênicas acima e negar a evolução.
Nosso paradigma científico atual aceita a Evolução, e se inclina para a Biogênese naturalista na Terra. Mas esta última ainda está longe de ser tão consensual e fortemente estabelecida quanto a primeira.
COMO A VIDA SURGIU?
Nada melhor que iniciar esta parte com a seguinte ótima estorinha que consegui no site Humor na Ciência.
Creio que isso ilustre muito bem a que ponto chegamos no que se refere aos estudos Biogênicos, para maiores detalhes sugiro os links: Origem da Vida que é o mais introdutório e simples, e os mais avançados Gênese da Vida, Os Primórdios da Vida na Terra e Como a Vida Começou? [Se ocorrer problemas na visualização dos caracteres destes dois últimos vá à opção (No Internet Explorer) "Exibir > Codificação > Europeu Ocidental"]. Outro texto interessante, que propõe a origem Extraterrestres dos tijolos básicos da vida, é Moléculas do Espaço e as Origens da Vida, que também tem linguagem acessível e bem humorada.
Não é objetivo deste texto recapitular essas possibilidades biogênicas, que estão muitíssimo bem explicadas e detalhadas nos links citados, e em vários outros textos disponíveis na Internet. Mesmo porque não creio ter muito mais a acrescentar em termo de informações técnicas, além do que tais pesquisas são incipientes demais para interesse de leigos no assunto. O que me proponho aqui é falar sobre a possibilidade em si, independente de como ela se manifeste. Talvez nossas suposições biogênicas estejam totalmente equivocadas em sua especificidade, mas isso não implica que estejam erradas em essência.
É possível descer a níveis cada vez mais básicos de vida, examinando organismos extremamente simples, como os da Pleuropnemonia, ou imaginar a vida tendo se originado a partir do DNA ou RNA, ou de qualquer um de seus componente menores. Não importa. O que importa é que haverá um momento a partir do qual uma estrutura, extremamente simples, passa a ser capaz de se auto-duplicar. E a partir daí que a Evolução pode ocorrer, pois Evolução Biológica pressupõe que haja Hereditariedade, ou seja, seres que geram cópias de si mesmo sucessivamente. Somado a isso o fato de haver Variabilidade, devido ao fato do processo de reprodução possuir falhas que criam seres diversos, inicialmente mutantes, e mais a frente na complexidade evolutiva devido a Recombinação, e finalmente ocorrendo a Seleção Natural, então teremos Evolução.
Por isso podemos considerar que a Biogênese nada mais seja do que o salto qualitativo para a auto-duplicação. A partir do momento em que uma estrutura molecular relativamente complexa seja capaz de se auto-duplicar, a vida já existirá e evoluirá. Antes disso podemos considerar Não-Vida. A pergunta então é: Como surgiu a primeira estrutura auto-duplicante?
O MILAGRE DA VIDA
Qualquer dos links acima deixará claro que há uma distância imensa entre as mais simples estruturas auto duplicáveis que possamos conceber com segurança, e qualquer outra estrutura não auto duplicável que conheçamos ou possamos conceber. Ninguém parece negar o fato de que a origem da vida é um evento incomparável. Ou a vida sempre existiu, o que é difícil sustentar com nossos conhecimento atuais, ou ela passou a existir quer na Terra ou em qualquer outro local do Universo. Se considerarmos que houve Biogênese, resta saber se ela tem origem Natural ou Sobrenatural. Vida criada por extra-terrestres não divinos não responde a questão, uma vez que estes ETs teriam que ter tido uma origem também.
Considerar que a Vida tem origem Sobrenatural satisfaz os Criacionistas e alguns Evolucionistas, mas apenas afirmar que a vida foi criada por Deus não é explicação, pois nada nos diz sobre os processos criativos, além de nos levar a questionar de onde veio Deus, ou nos conformar com o conceito de existência perpétua e inexplicável, o que aniquila qualquer pretensão investigativa, e põe fim a Ciência. Se continuássemos a investigação, teríamos que admitir então que Deus é um Ser Vivo, e então a questão permaneceria ou cairíamos na irracionalidade. Poderíamos até admitir tal criação no caso da vida terrestre, e talvez afastar a biogênese para outros domínios do Universo, onde talvez as possibilidade sejam muitos mais facilitadas pelo ambiente do que na Terra. Mas, mais uma vez, isso mantém a questão.
Portanto o que pretendo considerar aqui é a possibilidade da vida ter surgido espontaneamente, sem qualquer intencionalidade, por meios naturais. É esse conceito que os Criacionistas atacam, e em especial, ou quase exclusivamente, com o Argumento da IMPROBABILIDADE.
Trata-se de um argumento tão amplamente usado em tantas formas possíveis, que me recuso a transcrever qualquer forma em especial, a idéia básica é que: Os eventos que teriam causado a origem da Vida (primeira estrutura auto replicável), são tão improváveis que podem ser considerados impossíveis.
É interessante notar que a maioria dos Criacionistas já desistiu, ou ao menos eu nunca vi, de argumentar que tal origem da vida é absolutamente impossível, mas altissimamente improvável, em termos matemáticos. Perdi a conta de quantos argumentos já vi que colocam em termos numéricos a improbabilidade, e curiosamente tenho notado que cada vez mais algarismos são acrescentados. Como é fácil chegar a números tão extremos que não esperaríamos que tal possibilidade ocorresse nem mesmo em trilhões de anos, pode-se então dizer que são praticamente impossíveis.
A meu ver, tais argumentos esbarram ao menos em 3 falhas fundamentais.
A Primeira é tentar igualar o Improvável ao Impossível. É comum vermos como conclusão destes argumentos a equivalência do valor de probabilidade ínfima ao zero, ou improbabilidade máxima ao infinito. Mas nada disso muda o fato de que qualquer número, por menor que seja, é infinitamente maior que Zero, e infinitamente menor que Infinito. Os proponentes deste argumento então afirmam uma Impossibilidade de modo arbitrário.
Ademais, podemos levar em conta um Princípio Antrópico, de que por mais improvável que seja, ocorreu! Caso contrário não existiríamos. Idéia que pode ser usada contra os insistentes argumentos de que o delicado equilíbrio de forças que permite nossa existência na Terra denote um Desígnio Inteligente, a exemplo do que afirma que qualquer mínima variação na órbita terrestre, ou lunar, bem como nas proporções de gases atmosféricos, ou nas constantes naturais, impossibilitaria a vida e a humanidade. O Princípio Antrópico nesse caso pode ser invocado simplesmente ao explicar que se houvesse qualquer desequilíbrio nestes parâmetros não estaríamos aqui para saber, e se estamos é porque esses parâmetros foram possíveis neste tempo e local, enquanto não o foram na imensa maioria dos outros tempos e locais. O que nos leva...
...À Segunda, que é fazer uma comparação ingênua, se não injusta, entre o nível de improbabilidade e o restrito âmbito único de nosso planeta. Se uma possibilidade de surgimento espontâneo da vida de 1/1x1010 parece desprezível, ela está, não sei com que justificativa, levando em conta somente um único local de possível ocorrência, o nosso planeta Terra. No entanto, quantos planetas com condições similares ao nosso podem existir no Universo? Só em nossa galáxia temos bilhões e bilhões de estrelas, cada qual podendo conter dezenas de planetas. Esperar que na nossa galáxia existam somente uns 10 mil planetas similares ao nosso com condições de desenvolver vida já é um número bastante pessimista, mas já diminuiria drasticamente esta estimativa para 10.000/1x1010, ou seja 1/1x106.
No entanto temos centenas de bilhões de galáxias! O número de planetas com condições de produzir vida espontânea pode muito bem ser superior ao de qualquer estimativa de improbabilidade, invertendo a equação de altamente improvável para o praticamente certo.
Alguns poderiam alegar que não estamos nos referindo a vida em outros mundos, mas só no nosso. Mas isso não faz diferença, pelo mesmo Princípio Antrópico, só estamos aqui porque a vida surgiu aqui! Se tivesse surgido no sistema Aldebaram, na galáxia de Andrômeda ou na NGC 4000, poderia haver alguém lá perguntando a mesma coisa. Se ainda não fui claro, é equivalente a perguntar porque uma coisa acontece "justo hoje", ou "logo comigo", enquanto poderia ter acontecido com tantos outros, ou em qualquer outro dia. Não importa! Simplesmente aconteceu. E tinha que acontecer com alguém em algum momento.
A analogia final que gosto de usar é a dos dados. Qual a probabilidade de cair o número 6 dez vezes seguidas? 60.466.176 para ser exato. Você apostaria nessa possibilidade? Me parece bastante imprudente. Provavelmente em sua vida inteira você não consiga tal proeza apesar de ser possível. Mas... E se ao invés do restrito âmbito de uma pessoa, pensarmos em todas as pessoas do mundo, em todos os tempos, que já jogaram dados? Você apostaria que um dia essa sequência de 6 já não aconteceu?
E a Terceira limitação dos argumentos de improbabilidade é similar a anterior, porém considerando o tempo, e não o espaço. Tudo indica que nosso Universo tenha 13.7 Bilhões de anos, mas quanto tempo ele ainda terá pela frente? E quantos Universos anteriores a esse existiram? É bem provável que tenhamos Universos eclodindo em sequência, um após o outro, ou um Multiverso, o que levaria esse número para tendente ao infinito. Se temos tempo suficiente, as menos prováveis possibilidades tem chance de ocorrer. Probabilisticamente, quanto maior o tempo, maior a chance, até que num Universo infinito qualquer probabilidade, por menor que seja, necessariamente irá se realizar.
É bem típico de nossa espécie dimensionar as coisas de acordo com nossa experiência existencial. Vivemos no máximo uns 120 anos, e dentro desse âmbito algumas coisas podem parecer mais raras ou mais frequentes. Nesse período de tempo podemos experimentar dezenas de milhares de Pôr do Sol, mas um ser que vivesse no máximo um ano experimentaria no máximo 365. Para nós, um evento como um Eclipse total do Sol é muito raro, a maioria jamais o viu, mas um ser que vivesse mil anos teria muitas chances de presenciar algum. E um ser que vivesse 10 mil anos?
Portanto, um número só nos parece imenso, ou ínfimo, devido ao fato de termos sido moldados, pela evolução, a operar num âmbito temporal bastante restrito, assim como numa dimensão espacial bastante restrita, onde temos tanta dificuldade de visualizar com clareza um astro de 300 milhões de kms de comprimento, quanto um de 3 nanômetros. No entanto, para uma bactéria essa última grandeza faz parte de sua experiência, e a primeira faria parte de experiência de seres com dimensões e percepções muito maiores que as nossas.
Concluindo, o Argumento da Improbabilidade disfarçadamente pressupõe uma série de coisas arbitrárias. Que um número seja igual a zero ou infinito, o que é absurdo. Também que só possa surgir vida na Terra, e que ela esteja restrita ao ciclo de tempo de nosso Universo local, além de apelar para a dificuldade natural que temos para aceitar valores numéricos muito grandes ou muito pequenos.
Por fim, abordarei agora a versão mais estilizada e mais usada deste argumento, que é a que afirma que pressupor a origem espontânea da vida seria o mesmo que esperar que um furacão passando num ferro velho conseguisse montar um Boeing, ou que uma explosão numa padaria conseguisse resultar num bolo confeitado.
Estas analogias parecem ilustrar a questão da improbabilidade, no entanto elas funcionam de forma falaciosa, pois insistem em comparar coisas muitíssimo distintas, que são estruturas moleculares orgânicas microscópicas com estruturas macroscópicas inorgânicas, e o pior, que não possuem afinidades tal como o possuem as moléculas em questão. As peças de um avião ou os ingredientes de um bolo não se atraem ou se repelem espontaneamente como ocorre com as moléculas, cujas reações químicas são guidas por uma interação de forças físicas.
Querer comparar coisas completamente diferentes como estas é como forçar uma analogia entre uma máquina mecânica qualquer e um ser vivo, e depois dizer que a vida é impossível tal como uma máquina não pode se reproduzir! Ou seja, nada tem haver uma coisa com a outra. Nada há de comum entre uma explosão de padaria ou furacão no ferro velho com os lentos e cumulativos processos que teriam originado a vida, bem como nada tem haver um Boeing ou um bolo com uma enzima auto duplicante. Aviões e bolos não se reproduzem! A analogia é simplesmente ridícula!
A Vida é um fenômeno único, não pode ser levianamente comparada a qualquer outra coisa.
BIOGÊNESE X GERAÇÃO ESPONTÂNEA
Outro ataque comum dos Criacionistas é comparar esses dois conceitos, e por meio do fato do último ter sido desacreditado, associá-lo com o primeiro.
É fato que o conceito de Biogênese abrange a idéia de Geração Espontânea, num sentido mais largo. Mas o que entendemos historicamente sobre esta idéia nada tem haver com o que entendemos como Biogênese hoje. As antigas teorias de Geração Espontânea consideravam a existência de um certo "Princípio Ativo" na matéria que faria emergir o "Élan Vital", produzindo as mais diversas formas de vida em certas condições.
Como vimos, a idéia de uma Força Vital caiu em descrédito na Ciência desde os primórdios da Biologia, e com ela a de Princípio Ativo, que tinha uma clara conotação "mística". Hoje em dia, lembremos, o que define a vida são certas propriedades de uma estrutura complexa que não são, em essência, diferentes das demais propriedades de estruturas menos complexas na natureza.
Além disso, a idéia de Geração Espontânea clássica pressupunha saltos quantitativos imensos, uma vez que não se conhecia os níveis microscópicos da vida que conhecemos hoje. Os precursores da ciência nesta época desconheciam os microorganismos, e então aceitavam que seres relativamente "pequenos", como camundongos, minhocas ou moscas, pudessem surgir de matéria inanimada. Evidentemente eles pressupunham que estes animais eram suficientemente simples para permitir esse salto, no entanto hoje sabemos que eles possuem um nível de complexidade incomensuravelmente maior que os organismos mais simples que posteriormente foram descobertos.
Sendo assim, desconsiderando a idéia do Princípio Ativo, o grande problema da Geração Espontânea tradicional era não a idéia de que a vida poderia vir da não vida, que é a mesma idéia de Biogênese contemporânea, mas sim subestimar a distância que separa aqueles pequenos animais das estruturas pré vivas que supomos hoje, além de superestimar as possibilidades onde ocorreriam condições para o surgimento espontâneo da vida.
A medida que foi sendo descoberto o micro mundo, muitos pensadores que já não mais criam na Geração Espontânea clássica foram reformulando suas concepções e supondo que a vida poderia sim surgir da não vida em níveis cada vez mais microscópicos, e verdade seja dita, é a idéia que sustentamos até hoje, porém em condições muitíssimo mais especiais do que as supostas antigamente.
Na realidade podemos refletir sobre o fato de que talvez ainda não conheçamos os níveis mais fundamentais da vida, e que estejamos a cometer erros similares ao do passado ao pressupormos que as estruturas vivas mais simples que conhecemos já nos permitam visualizar com alguma precisão quais seriam os primeiros organismos vivos. Mas é importante lembrar que estamos num processo progressivo de conhecimento, e que mais e mais desvendamos sub instâncias da natureza, estando cada dia mais perto de descobrir o mistério da Biogênese. Afinal podemos ter certeza de que há um limite para essa regressão ao microscópico, ninguém mais hoje sustenta que há uma cadeia infinita de estruturas menores e maiores do que as que conhecemos.
Portanto, num sentido menos tradicional, pode-se realmente comparar Geração Espontânea com Biogênese, ou mesmo equivale-las, mas sempre tendo em mente essas diferenças históricas que são, a ausência de qualquer Principio Ativo ou Vital, uma distância quantitativa muitíssimo menor entre os organismos vivos mais primitivos e os não vivos mais complexos, e condições para o surgimento espontâneo da vida muitíssimo mais raras e específicas.
As famosas experiências de Pasteur e similares não invalidaram totalmente o conceito de Geração Espontânea neste sentido mais amplo, mas sim no sentido clássico restrito, de que naquelas condições propostas certas formas de vida, como ratos, poderiam ter surgido em condições tão comuns, como uma lixeira, num imenso salto transformativo. Ou mesmo nas experiências de Spallanzani, que já examinou microorganismos, mas ainda assim bem maiores do que os que conhecemos hoje.
CONCLUINDO
Apesar de serem temas diferentes, Biogênese e Evolução evidentemente se relacionam. Muitos teóricos inclusive aplicam conceitos de Seleção Natural nos processos que teriam dado origem à vida, ou seja, a Seleção teria começado a agir sobre a Variabilidade mesmo antes do surgimento da Hereditariedade, triando uma miríade de coisas até que uma ficasse em condições de começar a se reproduzir.
Porém isso não é suficiente para amarrar os dois conceitos, pois Seleção Natural sobre Variabilidade pode acontecer em qualquer coisa, mesmo objetos que nada tem haver com vida, e sendo assim não configuram realmente uma Evolução no sentido que interessa aqui, que pressupõe necessariamente Hereditariedade.
Negar a possibilidade de Origem da Vida, quer seja espontânea, divina ou etc, em nada afeta ao fato de que Evolução Biológica ocorre, portanto os ataques dos Criacionistas contra a Biogênese, por melhores que sejam, em nada depõem contra a Evolução, que segue independente.
Se temos uma teoria biogênica satisfatória, como nossa teoria evolutiva, ainda é algo a discutir, mas o conceito de Biogênese Espontânea em si é perfeitamente plausível. A articulação teórica e experimental crescem a cada dia, bem como as possibilidades de um dia "Brincarmos de Deus", como dizem alguns.
Acho realmente muito estranho que muitos Criacionistas usem a seu favor o argumento de que não se conseguiu produzir vida em laboratório, mesmo quando admitem que foi possível produzir alguns dos compostos fundamentais. Me parece uma simples questão de tempo para que algum experiência desta natureza seja possível, e nem sequer falo de insistentes experiências, mas talvez de um modelo teórico biogênico mais aperfeiçoado.
Que demore décadas ou mesmo séculos. O fato é que o conhecimento científico avança constantemente. Pensemos em quantos séculos de tentativas frustradas precederam o dia em que os humanos finalmente conseguiram produzir máquinas voadoras. Chegou-se a criar vários argumentos para afirmar que o vôo de um artefato mais pesado que o ar era impossível.
Em se tratando de biologia, temos exemplos de descobertas acidentais que mudaram o mundo quase do dia para a noite, como a descoberta da Penicilina. Ninguém garante que um dia, talvez até por acidente, seja criada vida em laboratório. E volto a insistir num argumento que sempre utilizo. Se em menos de um século em pequeninos laboratórios as condições simuladas foram capazes de produzir os compostos básicos da vida, o que a natureza não seria capaz ao longo de Bilhões de anos de condições reais em Todo o Planeta Terra?
Marcus Valerio XR 19 de Abril - 23 de Maio de 2005

estudo sobre os essenios....

Os Essênios


Abril de 1947, no vale de Khirbet Qumran, junto às encostas do Mar Morto, Juma Muhamed, pastor beduíno da região, recolhia seu rebanho quando ao seguir atrás de uma ovelha desgarrada percebeu que havia uma extensa fenda entre duas rochas.Curioso, atirou uma pedra e ouviu o ruído de um vaso se quebrando. No vaso, encontrou pergaminhos.
Este momento caracterizou-se como um marco para o mundo arqueológico: A Descoberta dos Manuscritos do Mar Morto.
Desde então, a tradução e divulgação do seu conteúdo têm atraído atenção mundial, e uma grande expectativa tem se instaurado quanto a possíveis segredos ainda não revelados.


Foram encontrados em 11 cavernas, nas ruínas de Qumran, centenas de pergaminhos que datam do terceiro século a.C até 68 d.C., segundo testes realizados com carbono 14. Os Manuscritos do Mar Morto foram escritos em três idiomas diferentes: Hebreu, Aramaico e Grego, totalizando quase mil obras.
Eles incluíam manuais de disciplinas, hinários, comentários bíblicos, escritos apocalípticos, cópias do livro de Isaías e quase todos os livros do Antigo Testamento.
De acordo com os estudiosos, os Manuscritos estão divididos em três grupos principais: Sectários, Apócrifos e Bíblicos. Os Bíblicos reúnem todos os livros da Bíblia, exceto Ester, no total 22 livros. Os Apócrifos são os livros sagrados excluídos da Bíblia, e, finalmente os Sectários que são pergaminhos relacionados com a seita, incluindo visões apocalípticas e trabalhos litúrgicos.
No livro "As doutrinas secretas de Jesus", o autor H. Spencer Lewis, F.R.C., Ph.D., cita na pág. 28 a referência (chave 15): "Essa sociedade secreta (sociedade secreta de Jesus) pode ou não ter sido afiliada aos essênios, outra sociedade secreta com que Jesus estava bem familiarizado" (*);.
A descoberta dos Pergaminhos do Mar Morto confirmou a referência feita pelo autor aos essênios e seus ensinamentos secretos, que precederam o cristianismo e que Jesus deve ter conhecido bem. Um relatório parcial sobre essa descoberta, do arqueólogo inglês G. Lankester Harding, Diretor do Departamento de Antiguidades da Jordânia, diz o seguinte:
"A mais espantosa revelação dos documentos essênios até agora publicada é a de que os essênios possuíam, muitos anos antes de Cristo, práticas e terminologias que sempre foram consideradas exclusivas dos cristãos. Os essênios tinham a prática do batismo, e compartilhavam um repasto litúrgico de pão e vinho presidido por um sacerdote. Acreditavam na redenção e na imortalidade da alma. Seu líder principal era uma figura misteriosa chamada o Instrutor da Retidão, um profeta-sacerdote messiânico abençoado com a revelação divina, perseguido e provavelmente martirizado."
"Muitas frases, símbolos e preceitos semelhantes aos da literatura essênia são usados no Novo Testamento, particularmente no Evangelho de João e nas Epístolas de Paulo. O uso do batismo por João Batista levou alguns eruditos a acreditar que ele era essênio ou fortemente influenciado por essa seita. Os Pergaminhos deram também novo ímpeto à teoria de que Jesus pode ter sido um estudante da filosofia essênia. É de se notar que o Novo Testamento nunca menciona os essênios, embora lance freqüentes calúnias sobre outras duas seitas importantes, os saduceus e os fariseus."
Todos esses documentos foram preservados por quase dois mil anos e são considerados o achado do século, principalmente porque a Bíblia, até então conhecida, data de uma tradução grega, feita pelo menos mil anos depois da de Qumran. Hoje, os Manuscritos do Mar Morto encontram-se no Museu do Livro em Jerusalém.
O nome Essênios deriva da palavra egípcia Kashai, que significa "secreto". Na língua grega, o termo utilizado é "therepeutes", originário da palavra Síria "asaya", que significa médico.
A organização nasceu no Egito nos anos que precedem o Faraó Akhenathon, o grande fundador da primeira religião monoteísta, sendo difundida em diferentes partes do mundo, inclusive em Qumran. Nos escritos dos Rosacruzes, os Essênios são considerados como uma ramificação da "Grande Fraternidade Branca".
Segundo estudiosos, foi nesse meio onde passou Jesus, no período que corresponde entre seus 13 e 30 anos. Alguns estudiosos também acreditam que a Igreja Católica procura manter silêncio acerca dos essênios, tentando ocultar que recebeu desta seita muitas influências.
Para medir o tempo, os Essênios utilizavam um calendário diferenciado, baseado no Sol. Ao contrário do utilizado na época, que consistia de 354 dias, seu calendário continha 364 dias que eram divididos em 52 semanas permitindo que cada estação do ano fosse dividida em 13 semanas e mais um dia, unindo cada uma delas.
Consideravam seu calendário sintonizado com a "Lei da Grande Luz do Céu". Seu ritmo contínuo significava ainda que o primeiro dia do ano e de cada estação sempre caía no mesmo dia da semana, quarta-feira, já que de acordo com o Gênesis foi no quarto dia que a Lua e o Sol foram criados.
Segundo os Manuais de Disciplina dos Essênios dos Manuscritos do Mar Morto, os essênios eram realmente originários do Egito, e durante a dominação do Império Selêucida, em 170 a.C., formaram um pequeno grupo de judeus, que abandonou as cidades e rumou para o deserto, passando a viver às margens do Mar Morto, e cujas colônias estendiam-se até o vale do Nilo.
No meio da corrupção que imperava, os essênios conservavam a tradição dos profetas e o segredo da Pura Doutrina. De costumes irrepreensíveis, moralidade exemplar, pacíficos e de boa fé, dedicavam-se ao estudo espiritualista, à contemplação e à caridade, longe do materialismo avassalador. Os essênios suportavam com admirável estoicismo os maiores sacrifícios para não violar o menor preceito religioso.
Procuravam servir a Deus, auxiliando o próximo, sem imolações no altar e sem cultuar imagens. Eram livres, trabalhavam em comunidade, vivendo do que produziam.
Os Essênios não tinham criados, pois acreditavam que todo homem e mulher era um ser livre. Tornaram-se famosos pelo conhecimento e uso das ervas, entregando-se abertamente ao exercício da medicina ocultista.
Em seus ensinos, seguindo o método das Escolas Iniciáticas, submetiam os discípulos a rituais de Iniciação, conforme adquiriam conhecimentos e passavam para graus mais avançados. Mostravam então, tanto na teoria quanto na prática, as Leis Superiores do Universo e da Vida, tristemente esquecidas na ocasião. Alguns dizem que eles preparavam a vinda do Messias.
Era uma seita aberta aos necessitados e desamparados, mantendo inúmeras atividades onde a acolhida, o tratamento de doentes e a instrução dos jovens eram a face externa de seus objetivos. Não há nenhum documento que comprove a estada essênia de Jesus, no entanto seus atos são típicos de quem foi iniciado nesta seita. A missão dos seguidores do Mestre Verdadeiro foi a de difundir a vinda de um Messias e nisto contribuíram para a chegada de Jesus.
Na verdade, os essênios não aguardavam um só Messias, e sim, dois. Um originário da Casa de Davi, viria para legislar e devolver aos judeus a pátria e estabelecer a justiça. Esse Messias-Rei restituiria ao povo de Israel a sua soberania e dignidade, instaurando um novo período de paz social e prosperidade. Jesus foi recebido por muitos como a encarnação deste Messias de sangue real. No alto da cruz onde padeceu, lia-se a inscrição: Jesus Nazareno Rei dos Judeus.
O outro Messias esperado nasceria de um descendente da Casa de Levi. Este Salvador seguiria a tradição da linhagem sacerdotal dos grandes mártires. Sua morte representaria a redenção do povo e todo o sofrimento e humilhação por que teria que passar em vida seria previamente traçado por Deus.
O Messias-Sacerdote se mostraria resignado com seu destino, dando a vida em sacrifício. Faria purgar os pecados de todos e a conduta de seus atos seria o exemplo da fé que leva os homens à Deus. Para muitos, a figura do pregador João Batista se encaixa no perfil do segundo Messias.
Até os nossos dias, uma seita do sul do Irã, os mandeanos, sustenta ser João Batista o verdadeiro Messias. Vivendo em comunidades distantes, os essênios sempre procuravam encontrar na solidão do deserto o lugar ideal para desenvolverem a espiritualidade e estabelecer a vida comunitária, onde a partilha dos bens era a regra.
Rompendo com o conceito da propriedade individual, acreditavam ser possível implantar no reino da Terra a verdadeira igualdade e fraternidade entre os homens. Consideravam a escravidão um ultraje à missão do homem dada por Deus. Todos os membros da seita trabalhavam para si e nas tarefas comuns, sempre desempenhando atividades profissionais que não envolvessem a destruição ou violência.
Não era possível encontrar entre eles açougueiros ou fabricantes de armas, mas sim grande quantidade de mestres, escribas, instrutores, que através do ensino passavam de forma sutil os pensamentos da seita aos leigos.
O silêncio era prezado por eles. Sabiam guardá-lo, evitando discussões em público e assuntos sobre religião. A voz, para um essênio, possuía grande poder e não devia ser desperdiçada. Através dela, com diferentes entonações, eram capazes de curar um doente. Cultivavam hábitos saudáveis, zelando pela alimentação, físico e higiene pessoal. A capacidade de predizer o futuro e a leitura do destino através da linguagem dos astros tornou os essênios figuras magnéticas, conhecidas por suas vestes brancas.
Eram excelentes médicos também. Em cada parte do mundo onde se estabeleceram, eles receberam nomes diferentes, às vezes por necessidades de se proteger contra as perseguições ou para manter afastados os difamadores. Mestres em saber adaptar seus pensamentos às religiões dos países onde se situavam, agiram misturando muitos aspectos de sua doutrina a outras crenças. O saber mais profundo dos essênios era velado à maioria das pessoas.
É sabido também que liam textos e estudavam outras doutrinas. Para ser um essênio, o pretendente era preparado desde a infância na vida comunitária de suas aldeias isoladas. Já adulto, o adepto, após cumprir várias etapas de aprendizado, recebia uma missão definida que ele deveria cumprir até o fim da vida. Vestidos com roupas brancas, ficaram conhecidos em sua época como aqueles que "são do caminho".
Foram fundadores dos abrigos denominados "beth-saida", que tinham como tarefa cuidar de doentes e desabrigados em épocas de epidemia e fome. Os beth-saida anteciparam em séculos os hospitais, instituição que tem seu nome derivado de hospitaleiros, denominação de um ramo essênio voltado para a prestação de socorro às pessoas doentes.
Fizeram obras maravilhosas, que refletem até os nossos dias. A notícia que se tem é de que a seita se perdeu, no tempo e memória das pessoas. Não sabemos da existência de essênios nos dias de hoje (não que seja impossível), é no mínimo, pelo lado social, uma pena termos perdido tanto dos seus preceitos mais importantes. Se o que nos restou já significa tanto, imaginem o que mais poderíamos vir a ter aprendido. Como sempre, é o máximo que podemos dizer: "uma pena". Estudos recentes comprovam que Sodoma e Gomorra está onde hoje é o Mar morto...

Evangelho de Tomé
O Evangelho de Tomé, preservado em versão completa num manuscrito copta em Nag Hammadi, é uma lista de 114 ditos atribuídos a Jesus. Alguns são semelhantes aos dos evangelhos canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João, mas outros eram desconhecidos até a descoberta desse manuscrito em 1945. Tomé não explora, como os demais, a forma narrativa, apenas cita - de forma não estruturada - as frases, os ditos ou diálogos breves de Jesus a seus discípulos, contados a Tomé o Gêmeo, sem incluí-los em qualquer narrativa, nem apresentá-los em contexto filosófico ou retórico. Duas características marcantes do Evangelho de Tomé, que o diferenciam dos canônicos, são a recomendação de Jesus para que ninguém faça aquilo que não deseja ou não gosta e a ênfase não na fé, mas a descoberta de si mesmo.
Uma boa discussão, em língua portuguesa, sobre esse evangelho encontra-se no livro "Além de Toda Crença: O Evangelho Desconhecido de Tomé", da historiadora Elaine Pagels, que defende a tese de que o Evangelho de João teria sido escrito para refutar o de Tomé. Obtém-se nesse livro proveitosa aula sobre o início do Cristianismo e entende-se melhor a escolha dos evangelhos canônicos e a posterior rejeição aos demais, tratados como "heréticos".
O escritor brasileiro Isaque de Borba Corrêa (isaqueborba) defende uma interessante tese baseada em antigas cartas de jesuítas, nas quais se relata a presença desse apóstolo na América. Segundo o catarinense Corrêa, mais de vinte jesuítas peregrinaram pelas Américas em busca das informações que o santo teria legado a seus sucessores. Isaque advoga a tese de que São Tomé teria não apenas viajado até a Índia, como teria estendido seu périplo às "Índias Ocidentais", atual América.
Segundo a tradição, São Tomé teria partido para as Índias acompanhado de João Crisóstomo. O escritor Panteno, segundo Eusébio, também esteve na Índia e conversou com Crisóstomo, mas não comentou sobre Tomé. O Padre Simón, na Colômbia, foi conduzido por um índio até uma gravura em pedra, na qual estavam gravadas as imagens de três homens, cada um contendo uma inscrição que Simón não teria conseguido traduzir. O ingênuo nativo traduziu-as para o jesuíta, explicando que as inscrições eram os nomes de cada um deles: João Crisóstomo, Tomé e Engélico. Eram figuras humanas que usavam barba, batina e sandálias. A figura central, Tomé, trazia na mão algo parecido com um livro. Isaque afirma que as pesquisas acerca da estada desse santo na América não prosperaram em virtude de um decreto emitido pelo Papa Urbano VIII, que considerou tal propósito uma heresia. Temendo um processo inquisicional por parte do Tribunal do Santo Ofício, os jesuítas recuaram em seu propósito e abandonaram as pesquisas. fonte: Wiki

"Abaixa a espada, porque aquele que fere com a espada, morre pela espada".

ENTREVISTA
Fonte: PAULO DANIEL FARAH da Folha de S.Paulo

"Manuscritos permitem entender Jesus", diz curador
Em 1947, o beduíno Muhammad achou em jarros de argila os primeiros pergaminhos dos Manuscritos do Mar Morto, uns dos mais importantes relatos que remetem à era bíblica. De 1947 até 1956, cerca de 850 pergaminhos, que trazem descrições da vida religiosa da época, foram encontrados nas cavernas de Qumran.
"Os manuscritos não provam nem negam a fé em Cristo. Permitem entender Jesus em seu meio natural. Permitem que os cristãos se aproximem de Jesus, do Jesus da história", disse à Folha Adolfo Roitman, curador dos Manuscritos do Mar Morto do Museu de Israel em Jerusalém. Ele veio a São Paulo para fazer palestras sobre os documentos, com apoio do Instituto Plural. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Folha - Todos os manuscritos já foram traduzidos e publicados?Adolfo Roitman - Entre 90% e 95%. A série de Oxford é a publicação oficial dos manuscritos.
Folha - Especialistas não chegam a um acordo sobre questões básicas como quem redigiu os manuscritos -em hebraico, aramaico e grego- ou exatamente quando eles foram escritos, além da discussão em torno do significado... Qual a versão do museu?Roitman - Há aproximadamente 30 mil volumes, livros e artigos, sobre o tema. O museu pretende refletir o consenso dos pesquisadores. A teoria de consenso opina que estamos diante de um grupo dos essênios, não todos, mas uma comunidade pequena, com no máximo 150 pessoas. Provavelmente eram essênios, um dos grupos do mundo judaico antigo. Os documentos vão do século 2º a.C. até o século 1º d.C. Eu menciono em minhas conferências que há outras idéias e recomendo que sejam lidas.
Folha - O que o sr. acha da teoria de Michael O. Wise e Israel Knohl, segundo a qual parte dos manuscritos foi escrita por um messias que teria vivido antes de Cristo?Roitman - Israel Knohl afirma que houve um messias antes de Jesus, em Qumran, identificado por ele com o nome de Menache. Aparecem alguns ecos dessa figura na literatura rabínica, e ele propõe certas reconstruções de um texto chamado Odayot. Em um dos fragmentos, havia um Hino de Autoglorificação. A discussão é: quem se autoglorifica? Um anjo? Um personagem messiânico? Um ser humano? Knohl vê que certos elementos desse texto recordam elementos da cristologia de Jesus. Cria, em meu modesto entender, um novo mito. Ele propõe que esse messias morreu durante o levante que ocorreu após a morte de Herodes, em 4 a.C. Ele argumenta que aí estão os mesmos elementos que temos na teologia de Cristo: um messias que morre, um ser humano que se autoglorifica, que assume os pecados e se auto-humilha.
Folha - Ainda é uma teoria em discussão, não foi refutada? Houve exames de datação com carbono 14 que teriam contrariado a teoria...Roitman - A discussão ainda não acabou. Os historiadores já mostraram suas reservas. Parece-me bastante sugestivo muito do que ele disse, mas creio que, do ponto de vista histórico, da mitologia histórica, seus argumentos não são convincentes. Ele provavelmente vai escrever um novo livro para contestar as reservas.
Folha - Há revelações que mudaram fundamentalmente o que se conhecia antes da descoberta dos manuscritos?Roitman - Sim, hoje sabemos muito mais. Sabemos, por exemplo, quão complexa era a sociedade judaica 2.000 anos atrás. Podemos entender que certas maneiras de ver o judaísmo são muito diferentes de como acreditávamos que fosse o judaísmo. Antes de Qumran, a maneira de ver o mundo tinha duas fontes básicas: uma judia e outra cristã. Em ambos os casos, as fontes estavam em função do judaísmo normativo e do cristianismo normativo. Não tínhamos fontes originais. Qumran nos permite conhecer a idéia de um grupo e através dele conhecer a idéia de outros. Coisas que parecem estranhas no Novo Testamento não eram tão estranhas, como por exemplo, os exorcismos, ocupar-se do demônio. Era uma problemática da época.
Folha - O Vaticano deveria realizar uma releitura dos Evangelhos à luz das descobertas?Roitman - Os pesquisadores, incluindo grandes professores católicos, como Joseph Fitzmeyer, um jesuíta, não deixaram de ser cristãos. Os cristãos não crêem no mito de Jesus, mas no Jesus que existiu, nasceu, viveu, morreu e ressuscitou, segundo sua fé. Os manuscritos não provam nem negam a fé em Cristo. Permitem entender Jesus em seu meio natural. Permitem que os cristãos se aproximem de Jesus, do Jesus da história. É algo transcendental para o cristianismo e, claro, para o Vaticano. Por isso o Vaticano pediu a exibição dos manuscritos.
Folha - Há algum tipo de temor por parte do Vaticano em ver menos convergências e mais divergências entre os Evangelhos?Roitman - Muitos dos pesquisadores são sacerdotes. Alguns anos atrás, o professor James Charlesworth, que dirige um centro teológico nos EUA, organizou um seminário que questionava exatamente isso. A idéia era pôr fim a esses medos e mostrar ao homem de fé que os manuscritos não são perigosos, permitem entender em toda sua historicidade as coisas. Os manuscritos não provam a verdade de Cristo, provam que havia crenças sobre o messias, mas a originalidade dos cristãos é que ele tinha nome e personalidade: Jesus. Os manuscritos não negam isso. Fazem entender por que Jesus foi entendido de certa maneira pelos cristãos.
Folha - Como a Intifada (levante palestino) afetou o museu?Roitman - Houve uma queda enorme nas visitas ao museu, de pelo menos 50%.




A destruição de Sodoma e Gomorra
Disse, pois, o Senhor: O clamor de Sodoma e Gomorra aumentou, e o seu pecado agravou-se extraordinariamente. Fez, pois, o Senhor da parte do Senhor chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo do céu; e destruiu essas cidades, e todo o país em roda, todos os habitantes da cidade, e toda a verdura da terra. E a mulher de Ló, tendo olhado para trás, ficou convertida numa estátua de sal. E viu que se elevavam da terra cinzas inflamadas, como o fumo de uma fornalha (Gn 18.20; 19.24, 26, 28).
A sinistra força dessa narrativa bíblica tem impressionado profundamente os ânimos dos homens em todos os tempos. Sodoma e Gomorra tornaram-se símbolos de vício e iniqüidade e sinônimos de aniquilação completa. Incessantemente, o terrível e inexplicável acontecimento deve ter inflamado a fantasia dos homens, como o demonstram numerosos relatos dos tempos passados. Devem ter ocorrido coisas estranhas e absolutamente inacreditáveis no mar Morto, o mar salgado, onde, de acordo com a Bíblia, ocorreu a catástrofe.
Segundo uma tradição, durante o cerco de Jerusalém, no ano 70 da nossa era, um general romano, Tito, condenou alguns escravos a morte.
Submeteu-os a um breve julgamento e mandou encadeá-los todos juntos e jogá-los no mar, próximo ao monte de Moab. Os condenados, porém, não se afogaram. Repetidamente foram jogados ao mar e todas às vezes, como cortiças, vinham dar em terra. O inexplicável fenômeno impressionou Tito de tal modo que ele acabou por perdoar os pobres criminosos.
Flavius Josephus, historiador judeu que viveu os últimos anos da sua vida em Roma, cita repetidamente um "lago de asfalto". Os gregos falavam com insistência em gases venenosos que se desprenderiam por toda parte nesse mar, e os árabes diziam que havia muito nenhuma ave conseguia voar até a outra margem. Segundo eles, ao sobrevoá-lo, as aves se precipitavam subitamente na água, mortas.
Exploração do Mar Morto
Essas e outras histórias tradicionais similares eram bem conhecidas, mas até uns cem anos atrás faltava todo e qualquer conhecimento preciso sobre o estranho e misterioso mar da Palestina. Nenhum cientista o tinha visto e explorado ainda. Foram os Estados Unidos que, no ano de 1848, tomaram a iniciativa, equipando uma expedição para estudar o enigmático mar Morto. Num dia de outono desse ano, a praia em frente a cidadezinha de Akka, quinze quilômetros ao norte de Haifa, ficou negra de homens ativamente ocupados numa estranha manobra.
De um navio ancorado ao largo, W. F. Lynch geólogo e chefe da expedição, havia mandado desembarcar dois barcos metálicos, que nesse momento estavam sendo cuidadosamente amarrados em carros de altas rodas. Puxados por uma longa fileira de cavalos, puseram-se a caminho. Ao fim de três semanas e após dificuldades incríveis, foi terminado o transporte através das terras do sul da Galiléia.
Os barcos foram lançados à água no lago Tiberíades. As medidas de altura tomadas por Lynch no lago de Genesaré produziram a primeira grande surpresa dessa viagem. A princípio, ele pensou tratar-se de um erro, mas a verificação confirmou o resultado. A superfície do lago de Genesaré, mundialmente conhecido pela história de Jesus, ficava duzentos e oito metros abaixo da superfície do Mediterrâneo! A que altura nasceria o Jordão, que atravessa esse lago?
Dias depois, W. F. Lynch encontrava-se numa alta encosta do nevado Hermon. E entre os restos de colunas e portais desmantelados surgiu a pequena aldeia de Banias. Árabes conhecedores do terreno conduziram-no através de um espesso bosque de espirradeiras até uma cova meio encoberta por calhaus na íngreme encosta calcária do Hermon. Da escuridão dessa cova brotava com força, gorgolejando, um jorro de água límpida. Era uma das três nascentes do Jordão.
Os árabes chamam ao Jordão Cheri ’at el Kebire, "Grande Rio". Ali estivera o antigo Paníon, ali Herodes construíra um templo de Pã em honra de Augusto. Junto à gruta do Jordão, havia uns nichos em forma de concha. Ainda se pode ler ali claramente a inscrição grega: "Sacerdote de Pã". No tempo de Jesus Cristo, o deus grego dos pastores era venerado junto às fontes do Jordão.
O Deus com pés de cabra levava aos lábios a flauta, como se quisesse modular uma canção para acompanhar o Jordão em sua longa viagem. A cinco quilômetros daquela fonte, para os lados do oeste, ficava a bíblica Dan, o sítio mais setentrional do país, repetidamente citada na Bíblia. Também ali, na encosta sul do Hermon, brotava uma nascente de águas claras. Uma terceira fonte desce de um vale situado mais acima. O fundo do vale fica pouco acima de Dan, quinhentos metros acima do nível do mar.
Onde o Jordão atinge o pequeno lago Huleh, vinte quilômetros ao sul, o leito já baixou até dois metros acima do nível do mar. Depois o rio se precipita abruptamente por um espaço de pouco mais de dez quilômetros até o lago de Genesaré. Em seu curso, das vertentes do Hermon até esse local, num trecho de quarenta quilômetros apenas, desceu setecentos metros.
Do lago Tiberíades, os membros da expedição americana desceram o Jordão em dois barcos de metal, percorrendo seus intermináveis meandros.
Gradualmente a vegetação ia-se tornando mais esparsa. Só nas margens do rio ainda havia moitas espessas. Sob o sol tropical, surgiu à direita um oásis - Jericó. Pouco depois chegaram ao seu destino. Entre penhascos talhados quase a prumo, estendia-se a sua frente a vasta superfície do mar Morto.
A primeira coisa que fizeram foi tomar um banho. Os homens que saltaram na água tiveram a impressão de que vestiam salva-vidas, tal a maneira como foram impelidos para cima. As antigas narrativas não haviam, pois, mentido. Naquele mar, ninguém podia se afogar. O sol escaldante secou a pele dos homens quase instantaneamente. A fina camada de sal que a água deixara em seus corpos fazia-os parecerem completamente brancos. Ali não havia moluscos, peixes, algas, corais... naquele mar jamais vagara um barco de pesca.
Não havia frutos do mar nem frutos da terra. Suas margens eram desoladas e nuas. As costas do mar e as faces dos rochedos lá no alto, cobertas de enormes camadas de sal endurecido, brilhavam ao sol como diamantes. A atmosfera estava saturada de cheiros acres e penetrantes. Cheirava a petróleo e enxofre. Sobre as ondas flutuavam manchas oleosas de asfalto - a que a Bíblia chama betume (Gn 14.10). Nem mesmo o azul brilhante do céu ou o sol forte conseguia dar vida a paisagem hostil.
Os barcos americanos cruzaram o mar Morto durante vinte e dois dias. Tomavam amostras de água, analisavam-nas, e a sonda era lançada ao fundo continuamente. Verificaram que a foz do Jordão, no Mar Morto, ficava trezentos e noventa e três metros abaixo do nível do mar! Se houvesse uma comunicação com o Mediterrâneo, o Jordão e o lago de Genesaré, distante cento e cinco quilômetros, desapareceriam. Um imenso mar interior se estenderia até as margens do lago Huleh!
"Quando uma tempestade irrompe naquela bacia de penhascos", observa Lynch; "as ondas golpeiam os costados do barco como marteladas, mas o próprio peso da água faz com que em pouco tempo se aplaquem, depois que o vento cessa."
Através do relatório da expedição, o mundo ficou sabendo pela primeira vez de dois fatos espantosos. O Mar Morto atinge quatrocentos metros de profundidade; o fundo do mar fica, portanto, cerca de oitocentos metros abaixo da superfície do Mediterrâneo.
A água do mar Morto contém cerca de trinta por cento de elementos componentes sólidos, a maior parte constituída por cloreto de sódio, isto é, de sal de cozinha. Os oceanos contém apenas de quatro a seis por cento de sal. Nessa bacia de setenta e seis quilômetros de comprimento por dezessete de largura desembocam o Jordão e muitos rios menores. Sob o sol escaldante, evaporam-se, dia após dia, oito milhões de metros cúbicos de água de sua superfície. As matérias químicas que esses rios conduzem permanecem nessa bacia de mil duzentos e noventa e dois quilômetros quadrados de superfície.
A Procura de Sodoma e Gomorra
Só no começo deste século, com as escavações realizadas no resto da Palestina, foi despertado também o interesse por Sodoma e Gomorra. Os exploradores dedicaram-se a procura das cidades desaparecidas que nos tempos bíblicos estariam situados no vale de Sidim







Escândalo Acadêmico
A doutrina que João pregou no deserto já era conhecida dois séculos antes. Alguns judeus particularmente piedosos (os Hassidim) admitiam estar próximo o fim do mundo, por acreditarem no que dizia o livro dos Macabeus (I. Mac. 1,2). Os judeus tiveram sempre pouca sorte com os estrangeiros. Depois do exílio da Babilônia vieram os Persas.
Alexandre venceu-os em 333 a. C. e repartiu o Império. Duzentos anos antes da era cristã os Sírios conquistaram o poder na Judéia. Os Hassidim protestaram contra a impiedade do seu tempo. Perseguidos, abandonaram as aldeias e refugiaram-se no deserto, entre Jerusalém e o Mar Morto, num local chamado Qumram. São os antepassados dos Essênios. Alguns desses Essênios separaram-se do movimento, cheios de cepticismo. Deram origem à seita dos Fariseus.
O estudo comparado dos manuscritos do Mar Morto, como ficaram conhecidas as produções literárias dos Essênios, e do Novo Testamento, estabelece a existência, não de simples coincidência, mas de uma evidente dependência direta deste, no que toca às palavras, às idéias e às próprias doutrinas.
Estes manuscritos, descobertos entre 1947 e 1956 foram, na sua maioria, escritos antes da era cristã e guardados em rolos, dentro de vasos de barro. Só alguns foram redigidos depois da morte de Jesus.
É a relíquia religiosa mais importante depois de se ter provado que o “Santo Sudário”, supostamente a mortalha do corpo de Jesus, tinha sido tecido 1300 anos depois da sua morte.
A maior parte dos manuscritos do Mar Morto foram escritos com tinta sobre pele de carneiro. Geza Vermes, um estudioso bíblico da Universidade inglesa de Oxford, considera ser “Um escândalo acadêmico" que aproximadamente 300 rolos, dos cerca de 1000 que foram descobertos, ainda não tenham sido revelados”.
Muitos destes manuscritos estão guardados em diversas universidades, em Israel, Estados Unidos, França e Inglaterra.

A língua usada nos manuscritos é o aramaico, uma língua morta. No trabalho de tradução recorre-se ao computador, que dispensa o manuseio (e a conseqüente deterioração) das peças originais. As dificuldades são muitas.
Para se formar um rolo é preciso juntar-se grande número de fragmentos, porque as “folhas” originais estão ressequidas e partidas.
A crescente ansiedade dos estudiosos bíblicos relaciona-se com a desejada prova da ligação de Jesus à Ordem dos Essênios, particularmente depois dos 13 anos, a identificação histórica de Jesus e a confirmação da dependência do Novo Testamento desses manuscritos.
A sua divulgação tem sido dificultada por razões não exclusivamente técnicas. O ano originalmente combinado para a divulgação do conteúdo dos manuscritos era 1970. Depois, os israelitas prometeram a sua publicação para 1997.
As justificativas para esta demora são:
Conteúdo espetacular para a fé judaico-cristã, abalando eventualmente as estruturas hierárquicas religiosas. O escritor americano Edmund Wilson fundamentava esta hipótese referindo a conhecida tentativa de minimizar a importância dos manuscritos.
Interesse das várias universidades (israelitas, francesas, americanas e inglesas) em monopolizar o estudo destes documentos.
algumas informações recolhidas no caminho ...

Quem sou eu


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